quarta-feira, 16 de julho de 2014

A JÓIA








Foi quando fez quinze anos que a tia FlorBela lhe resolveu oferecer aquela jóia. Sempre lha vira poisada nas golas que lhe compunham o pescoço enrugado e flácido. Era pesada e algumas ficavam tão derreadas com o alfinete que se interrogava, muitas vezes, se a tia não teria nascido já com ele.
Quando, naquela tarde, o viu na mão estendida e trémula da tia e lhe ouviu as palavras, ela sentiu, na sua estrutura de adolescente, que a vida lhe iria ser diferente.
A seu lado, a mãe titubeou uma reverência e um "há de usá-lo sempre", que ela não compreendeu no meio da euforia que, conjuntamente com a das amigas, havia despenteado o jardim.

A vida correu, deixou de usar os soquetes brancos e deu por si enfiada num vestido de seda rosa, comprido, pronta para o seu baile de finalistas. Tinha desenhado ela mesmo o vestido, passara tardes na modista, entre provas e alinhavos e alfinetes e um "vire para aqui" e, "agora, vire para ali", "assim, assenta melhor mais larguito aqui no peito". 

O espelho de meio corpo devolvia-lhe uma imagem nova de que gostou. Imaginou-se Cinderela, rodopiou e sorriu feliz para a mãe que, de mão emocionada e trémula, lhe entregou o alfinete da tia FlorBela.
O sorriso desapareceu-lhe do rosto, pegou nele como se pegasse num bebé recém-nascido e, desajeitadamente receosa, colocou-o na alça esquerda do vestido.




(continua)


domingo, 6 de julho de 2014

NEM SEI QUANDO








Queres que me vá?
Hoje não, que sinto um desejo enorme de esvaziar o oceano, evaporando-lhe as lágrimas.


Talvez amanhã... se tiver um barco que não encontre um cais, terra firme para aportar.






Hoje não!





terça-feira, 1 de julho de 2014

A METÁFORA DO CALO









Um calo só aparece porque o sapato roça a pele mais sensível. E a sensibilidade de cada um é sempre única e resulta dos "calos" que fomos fazendo e que, apesar de tratados, persistem sempre, porque continuamos a usar os mesmos sapatos.










sexta-feira, 27 de junho de 2014

27 - 06 - 1214






800 anos da Língua Portuguesa








Não será este o primeiro documento escrito em Língua Portuguesa uma vez que se encontrou um anterior datado de 1175 - a 'Notícia dos Fiadores'.
No entanto, os historiadores destacam o TESTAMENTO DE AFONSO II como o primeiro documento oficial escrito em Língua Portuguesa.













«Esta é a ditosa pátria minha amada»

Os Lusíadas, Canto III